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Sementes JC MASCHIETTO

Artigo publicado na Revista JC Maschietto ano 01, no 01, agosto/2003

Artigo: Silagem de Capim
Prof. Dr Luiz Gustavo Nussio
Prof. Dr Moacyr Corsi

Professores Dr. do Departamento de Zootecnia, ESALQ/USP, Piracicaba.

Quais as vantagens que a silagem de capim apresenta quando comparada com a de sorgo e de milho? Quanto o pecuarista pode economizar com a utilização desse volumoso?

As vantagens da silagem de capim em relação ao de milho e sorgo estão relacionadas a elevada produtividade das gramíneas como capim Elefante, Tanzânia, Mombaça, Tobiatã e Brachiaria. Essas plantas podem atingir produtividade entre 30 a 60t MS/ha, enquanto a do milho e sorgo estaria ao redor de 15 a 20t MS/ha.

Também há limitações topográficas para o uso continuado de milho e sorgo enquanto essas limitações seriam menos restritivos para cultura perene como a das gramíneas apontadas acima.

Além desses aspectos devemos considerar que os riscos com culturas anuais como a do milho e sorgo são maiores do que aqueles pertinentes às culturas perenes. Ao contrário do que se admite normalmente entre os pecuaristas, o custo da silagem não é barata, principalmente quando se considera a concentração de nutrientes. Assim, uma tonelada de matéria seca de silagem de capim estaria ao redor de R$110,00/t com cerca de 50 - 55% NDT. Portanto, o custo dessa energia seria de R$200,00 a R$220,00. A silagem de milho custa ao redor de R$150,00/t com cerca de 60 - 65% NDT, ou seja, o custo dessa energia seria de R$230,00 a R$250,00.

Outro aspecto importante a ser considerado como vantagem para o uso da silagem de capim é que essa conservação de forragem pode se constituir em ferramenta importante para auxiliar o manejo do excesso da forragem produzida nas pastagens durante o "verão".

Entretanto, para atingir a meta de conservar o excedente de produção das áreas de pastagens, ou mesmo, destinar glebas específicas para o uso exclusivo da ensilagem, seria preciso estruturar a propriedade e organizar uma disciplinada logística operacional. Essa tarefa se constitui em um permanente desafio.

Quais as desvantagens nutricionais da silagem de capim?

Além do custo, a desvantagem nutricional a ser considerada na silagem de capim é que em algumas situações essa silagem tem elevado teor de umidade o que provoca perdas consideráveis na forma de efluente, material rico em nutrientes. Devido ao baixo teor de carboidratos solúveis na maioria das gramíneas tropicais, os cuidados na ensilagem precisam ser maiores para preservar esse nutriente e serem evitadas as perdas por respiração através da promoção de uma eficiente compactação da massa de forragem picada.

A elevada concentração de K (potássio) tipicamente observada em silagens de capins tropicais poderá dificultar o ajuste da relação cátion/ânion nas rações oferecidas a algumas categorias de bovinos.

O que pode ser adicionado à silagem de capim para efeito de minimizar essas desvantagens?

Pode-se minimizar essas desvantagens adicionando aditivos que promovam a elevação da matéria seca da massa ensilada de 16 a 25% para 30 a 35%. Entre esses aditivos os mais usuais seriam, dependendo dos custos, a polpa cítrica, milho triturado, farelo de trigo, feno, melaço, subprodutos agrícolas como casquinha de soja, resíduos de grãos de soja e milho, milheto, etc.

Como agem os aditivos estimuladores de fermentação? Quais os aditivos mais utilizados na silagem de capim?

Esses aditivos apontados acima auxiliam na fermentação aumentando a pressão osmótica na massa ensilada, isto é, absorvendo o excesso de umidade que se perderia através do efluente que escorreria da massa ensilada. Os absorventes reduzem a atividade de água (água livre) que permitiria o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis ao processo de fermentação.

Qual a ação das enzimas e inoculantes bacterianos?

Os resultados experimentais decorrentes do uso de enzimas e inoculantes bacterianos em silagem de gramíneas são contraditórios. Freqüentemente as silagens tratadas com enzimas e inoculantes bacterianos têm melhor aparência do que a não tratada, como resultado de um melhor padrão de fermentação, traduzido por abaixamento mais rápido do pH e menor teor de N amoniacal.

Entretanto, os resultados referentes à resposta do animal a esses tratamentos, tais como, consumo, ganho de peso, produção de leite, conversão alimentar, deixam a desejar. A falta de consistência entre resultados de fermentação da silagem e desempenho de animais está provavelmente associada à menor estabilidade aeróbia de silagens inoculadas com bactérias homoláticas. O custo/benefício do uso de enzimas e inoculantes bacterianos, precisa ser melhor analisado uma vez que o emprego desses produtos chega a representar entre 10 a 15% do custo da silagem de capim. Outros investimentos no processo de ensilagem, com custos semelhantes, poderão promover benefícios técnicos de impacto superior a aquele observado pela adoção de inoculantes. A utilização de inoculantes microbianos/enzimáticos não substitui nenhuma das práticas tradicionalmente recomendadas ao bom manejo da ensilagem.

A silagem de capim é suficiente para a manutenção de peso durante a seca? Qual a quantidade ideal para ser fornecida aos animais para que não haja a redução de peso?

Como exemplo, a silagem de capim contendo 52% de NDT, consumida exclusivamente (6,3 kg MS), suplementada com 0,5 de milho grão moído, 50 g de uréia e 100g de suplemento mineral vitamínico, é suficiente para proporcionar manutenção de peso para garrotes com 300Kg de peso vivo.

Qual a importância de uma suplementação (protéica e energética) para os animais que recebem a silagem de capim? A suplementação é necessária para que os animais engordem nesse período ou existe essa possibilidade somente com a oferta da silagem de capim?

Para silagens de capins tropicais colhidos em idade adequada, a principal preocupação no balanceamento das rações é voltada para a suplementação energética, sendo essa a restrição mais severa para atender a manutenção e taxas de ganho de peso mais aceleradas. Como exemplo, ao formular rações com base nos requerimentos do NRC, a elevação na taxa de ganho de peso entre manutenção, 0,5kg/dia; 0,74kg/dia; 1,0kg/dia e 1,16kg/dia, representa a necessidade da maior participação de ingredientes concentrados, restringindo a presença da silagem de capim a 90,8%, 70%, 54%, 38% e 24%, respectivamente. Assim, para que maiores taxas de ganho de peso possam ser obtidas com esse volumoso, haverá necessidade de significativa contribuição de concentrados, não raramente, elevando o custo do ganho de peso. Quando comparado a outros volumosos, a arroba produzida com silagens de capins tropicais é em geral 7-15% mais cara. Com isso, a utilização desse volumoso não tem como vantagem o menor custo, mas sim a perspectiva de maior receita líquida, se explorado sob o conceito de economia de escala.

Que tipo de estratégia seria a mais interessante e eficaz para a ensilagem das gramíneas forrageiras tropicais para a utilização no período das secas? Lotação de forma que uma área seja destinada para a produção de silagem no período de abundância (nas águas), para a utilização no período de escassez?

Simulações realizadas pelo Depto de Zootecnia da ESALQ sugerem que, em sistemas de manejo intensivo associado (pastagem/silagem), a área recomendável para destinação à ensilagem não deverá superar 10-15% da área total da propriedade com vistas a maximizar a receita líquida da atividade.

Quais os tipos de gramíneas forrageiras tropicais são as mais utilizadas para a produção de silagem e qual aparece como a melhor opção para esse fim? Citar exemplos com vantagens e desvantagens.

As gramíneas forrageiras tropicais mais utilizadas para produção de silagem são os capins Elefante, Tanzânia, Mombaça, Brachiarão, Tifton/Estrela. As gramíneas mais produtivas, como o capim Elefante e Mombaça são os preferidos, entretanto, quando se procura aproveitar o excesso de forragem das pastagens utilizam-se as espécies forrageiras existentes na propriedade. As silagens de capim Mombaça, Tanzânia e Braquiarão crescem em intenção de uso, principalmente devido à flexibilidade de manejo dessas espécies e o menor teor de água característico dessas plantas. Quando a produtividade é muito elevada, a colhedeira de forragem exige maior potência dos tratores.

Preferencialmente esses tratores devem ser equipados com o kit de redução de velocidade a fim de preservar o desgaste da embreagem. As facas devem ser mantidas afiadas para melhorar o rendimento e manter adequado tamanho das partículas de massa ensilada.

Existe algum estudo que demonstre qual a porcentagem de pecuaristas brasileiros que fazem uso da silagem de capim? E dos produtores que alimentam seu rebanho somente com a pastagem e, por isso, ficam mais expostos a problemas como redução de peso nas secas?

Estatísticas informais sugerem que menos de 10% dos animais que são suplementados com forragens no inverno, têm silagem de capim como componente da ração.

Qual o ponto ideal de corte (colheita) dessas forrageiras? E qual o tamanho ideal para picar o volumoso e ensilar?

O ponto ideal de corte para o capim elefante estaria entre 60 a 70 dias, para o Tanzânia ao redor de 40 a 50 dias, para o Mombaça entre 35 a 40 dias, e para o Tifton 25 a 35 dias. O tamanho da partícula ideal seria aquele em que no máximo 30% das partículas da massa picada fossem retidas acima de peneiras com orifícios de 1,9cm de diâmetro. O maior benefício da redução de partículas está mais relacionado ao consumo voluntário pelos animais, que chega a ser aumentado em 15%, sob partículas de menor tamanho.

Outro aspecto interessante é que as silagens de capins tropicais apresentam baixa densidade característica resultando em menor eficiência no transporte e fornecimento de rações aos animais. A redução no tamanho de partículas poderia aumentar a densidade em cerca de 25% beneficiando a logística de transporte e distribuição.

O que é a técnica de emurchecimento? Ela é ou não recomendável?

O emurchecimento consiste em promover uma secagem do material após o corte até a massa atingir entre 30 a 35% MS antes de ser ensilado. Em condições médias de verão, a taxa de perda de água varia entre 1 e 4 unidades percentuais por hora de exposição, permitindo elevações de 6 a 24 unidades percentuais, por períodos médios de 6 horas de desidratação à campo. Essa ampla variação se deve aos efeitos da espécie forrageira utilizada, massa de forragem colhida, condições climáticas vigentes e etc. Durante o processo de emurchecimento há perdas de carboidratos solúveis, mas o emurchecimento seria recomendado por melhorar a qualidade da fermentação da massa e reduzir as perdas por efluente.

Torna-se difícil adotar essa técnica devido à falta de equipamentos que permitam a execução dessa prática sem perdas de material no campo e também, pela movimentação excessiva dos equipamentos para ceifar a massa e posteriormente recolhê-la. Essas operações concorrem para elevar o custo da ensilagem, uma vez que as perdas por recolhimento do material emurchecido chegam a 20% no verão.

Caso o pecuarista não tenha se planejado durante o ano, que atitudes poderia tomar neste agora (começo de MARÇO) para que o seu rebanho tenha acesso a maior quantidade de alimento e não perca peso durante a seca?

O pecuarista deveria avaliar a necessidade do rebanho em relação à reserva de alimento para o inverno. Havendo excesso de animais, deve-se aproveitar para selecionar e descartar os animais de méritos produtivos menores. Se a região proporcionar condições climáticas, seria possível o plantio de culturas de inverno, como aveia associado ao azevém para pastejo e/ou conservação. A adubação estratégica no final do período das chuvas poderia prolongar o período de pastejo e/ou permitir a exploração da ensilagem de plantas crescidas no final do verão. Os resultados experimentais são muito promissores quanto à qualidade de plantas ensiladas no outono e inverno, apesar da menor produtividade.

A aquisição de alimentos volumosos como cana-de-açúcar, bagaço hidrolizado, feno, pré-secados e resíduos agro-industriais como da soja, do milho, do algodão, do dendê, etc, pode se constituir em parte da solução do problema, principalmente quando esses produtos são adquiridos antecipadamente e baseados em avaliações das necessidades da demanda do rebanho. Esse planejamento poderia reduzir custos sensivelmente e evitar transtornos com a oferta dos alimentos.

O arrendamento de pastagens, quando antecipado ao momento de maior escassez de alimentos, também se constitui em alternativa viável.

Observa-se, no entanto, que o sucesso do uso das alternativas apontadas requerem planejamentos para avaliar a necessidade da demanda do rebanho antes que as condições de "inverno" se estabeleçam na região. Se esse planejamento não for feito o melhor é ter muita fé e pedir para que o "inverno" seja chuvoso e quente ou, pelo menos, curto e pouco severo.

Além da utilização de silagem de capim, qual outra técnica poderia ser administrada pelo produtor que mantém o seu rebanho somente com a oferta de pastagens, que por sua vez são reduzidas no período das secas, proporcionando, muitas vezes, a redução do peso dos animais?

Além da silagem de capins tropicais, pode-se usar a cana-de-açúcar (capineira ou silagem) suplementada com mistura de 85% de uréia e 15% de sulfato de amônio ao nível de 1% (a cada 100Kg de cana, mistura-se 1 Kg da mistura uréia + sulfato de amônio). O pasto deferido (vedado) é uma alternativa útil enquanto a taxa de lotação das pastagens é baixa e ao redor de 0,8 a 1,2 UA/ha. Nesse caso a suplementação com sal proteinado pode oferecer resultados interessantes quando o animal seria abatido até início do período de chuvas seguinte. O mesmo se aplicaria para animais que necessitariam de suplementação para auxiliar a recuperação após parto a fim de serem cobertos até início das chuvas.



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