Brachiaria brizantha BRS Piatã
Dra. Cacilda Borges do Valle (*)
Esta nova B. brizantha foi protegida e liberada em 2007 pela Embrapa em parceria com a UNIPASTO, com o objetivo de oferecer uma opção para diversificar pastagens com uma forrageira de bom valor nutritivo. Esta cultivar é derivada de um ecotipo coletado na região de Welega, na Etiópia, pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical - CIAT, e selecionado a partir de avaliações na Embrapa Gado de Corte.
É uma planta de altura média entre 0,85 a 1,10 m, com folhas ásperas na face superior e bordos cortantes, e com poucos pêlos claros. Apresenta colmos finos e inflorescências com até 12 rácemos, portanto nitidamente distintas das outras cultivares de B. brizantha (Figura 1). As espiguetas não têm pêlos e são arroxeadas no ápice.
O capim-piatã é indicado para as regiões de clima tropical, com mais de 800 mm de chuvas por ano, podendo ter estação seca de 4 a 5 meses. A cultivar Piatã é indicada para solos de média fertilidade, e foi classificada como intermediária quanto à tolerância relativa ao alagamento do solo comparativamente à cv. Marandu, que mostrou-se muito sensível. O capim-piatã possui elevada produção de forragem e, em parcelas sob corte, produziu em média 9,5 t/ha de matéria seca com 57% de folhas, sendo 30% dessa produção obtida no período seco. O florescimento é precoce e abundante em dias longos de verão (fevereiro), por isso é suscetível ao “carvão das sementes” por conta da alta umidade relativa, calor e nebulosidade no pico de florescimento.
Nos três anos de avaliação sob pastejo o capim-piatã destacou-se pela elevada taxa de crescimento de forragem e disponibilidade de folhas, como mostra a Figura 2. O teor de proteína bruta nas folhas foi de 11,3% e a digestibilidade in vitro da matéria orgânica 58,0%. Mostrou rebrota mais rápida quando comparada com a cv. Marandu. Os ganhos de peso diários foram semelhantes entre as cultivares Marandu, Piatã, e superiores ao Xaraés. A cv. Piatã produziu, durante três anos, 45 kg/ha/ano de peso vivo a mais do que a cv. Marandu e menos que o capim Xaraés por área.
O capim-piatã mostrou resistência às cigarrinhas-das-pastagens (Notozulia entreriana e Deois flavopicta) por apresentar baixos níveis de sobrevivência de ninfas e período ninfal longo em condições controladas, além de baixos níveis de infestação e danos moderados a campo. Não foram constatados, até o presente, danos causados pela “mela-das-sementes”, porém constatou-se ataque severo de Ustilago operta (carvão) em sementes.
Em climas com estação chuvosa no verão, o plantio deverá ser realizado de meados de outubro até fevereiro, sendo a época ideal o período de 15 de novembro a 15 de janeiro. O preparo do solo é o mesmo utilizado para a formação de outras pastagens, com recomendação de plantio de 2,5 kg/ha de sementes puras viáveis, sendo que a semeadura poder ser a lanço ou em linha, com profundidade de 2 a 5 cm e incorporação por grade leve.
A cv. BRS Piatã é, portanto, uma opção para a diversificação das pastagens, apresentando como vantagens sobre a cvs. Marandu e Xaraés:
. Produção de forragem de melhor qualidade;
. Maior acúmulo de folhas;
. Melhor tolerância a solos com má drenagem que a cv. Marandu;
. Maior resistência a cigarrinha-das-pastagens do que a cv. Xaraés;
Participaram das avaliações da BRS Piatã a Embrapa Gado de Corte, Embrapa Cerrados, Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Transferência de Tecnologia, Embrapa Gado de Leite, o Instituto de Zootecnia – IZ, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira – CEPLAC, e a Universidade Estadual de Maringá.
(*) Pesquisadora da Embrapa Gado de Corte – Campo Grande, MS (cacilda@cnpgc.embrapa.br).
Figura 1 - B. brizantha BRS Piatã em pleno florescimento
Figura 2. Acúmulo de Matéria seca verde (folhas mais colmos) comparativa dos três capins sob pastejo, em Campo Grande, MS. (média de três anos).
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