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Sementes JC MASCHIETTO

Artigo publicado na Revista JC Maschietto ano 02, no 02, set/2004

Sucesso no macro e dificuldades no pasto
Dr. Sergio De Zen1
Shirley Martins Menezes2
Ana Paula Silva2

1Pesquisador e Professor doutor do CEPEA/ESALQ/USP.
2Pesquisadoras do CEPEA/ESALQ/USP.

A pecuária de corte bovina tem um ano de grande desempenho no mercado externo, mas de poucos resultados no mercado interno. A pecuária tem importante participação no PIB do agro-negócio nacional e cada vez mais é vista como umas das principais fontes de recursos externos. No entanto, os pecuaristas têm assistido a uma perda considerável na margem, pelo aumento natural dos preços. Os preços neste ano têm mostrado que o conceito de safra e entressafra está em declínio, pois as diferenças de preços que caracterizam essas épocas estão desaparecendo.

Até março de 2004, o desempenho da pecuária no agregado vinha puxando o desempenho do PIB, pois enquanto a agricultura no primeiro trimestre cresceu 0,88% a pecuária cresceu 1,48%, de acordo com os dados CEPEA/CNA. Considerando-se que em 2003 o segmento pecuário dentro da propriedade representou 42% desse PIB, o desempenho da produção da empresa agrícola é fundamental. A manutenção desse desempenho está condicionada à taxa de investimento e isso tem sido um dos principais fatores de preocupação para o segmento da pecuária de corte.

Quando os custos crescem num ritmo mais acelerado que os preços, a situação fica preocupante, mas quando isto ocorre de forma generalizada indica que existe uma forte pressão inflacionária sobre o setor, pois os produtores deixam de investir, perdem interesse pela atividade. Neste momento, o pecuarista troca de atividade buscando maiores rendimentos, ou mesmo aproveitando para renovar pastagem arrendando partes de sua área para terceiros.

O crescimento da participação do Brasil no mercado internacional passa por um processo contínuo de evolução das empresas em buscar mercado e no profissionalismo de atender a essa demanda. O clube de exportadores de carne bovina é restrito. O faturamento com exportação de carne está concentrado na mão de 7 grupos, que venderam em 2003 US$ 1,042 bilhões e, sendo mais específico, 3 grupos concentram 86% desse total. O trabalho desenvolvido por esses grupos não deixa de ser admirável, pois em pouco mais de 5 anos conseguiram ter quase 20% do total de carne comercializada no mundo, enquanto outros setores (como de frango) levaram mais de 20 anos para atingir o mesmo desempenho. No entanto, é preciso ver que esse sucesso todo é muito mais delicado no segmento da carne bovina, uma vez que, o ciclo de produção é longo e demanda de um planejamento extremamente complexo, quando comparado ao setor avícola.

O PIB, as exportações e o atendimento do mercado interno têm como alicerce o desempenho da produção dentro da porteira e os custos de produção em alta combinados com preços estáveis estão gerando um desinteresse para com a atividade, ainda que as expectativas deste ano sejam boas. Até que ponto o empresário da terra verá o retorno de seu profissionalismo recompensado? Sem ele não há indústria de insumos ou frigorífico que tenha futuro, todos estão no mesmo barco.

As diferenças de preços entre a safra e a entressafra têm se reduzido nos últimos anos. Esse comportamento não é mais novidade, mas os fatores que o determinam ainda não são muito claros. As opções, ou melhor, os conjuntos de fatores que o estão gerando são vários. Destacam-se as mudanças nos sistemas de produção, à medida que se expandem os tradicionais confinamentos, também os semi-confinamentos e intensifica-se o uso de técnicas de manejo de pastagem e de animais a pasto. Todas essas práticas, somadas ao aumento da produção em novas áreas do centro-Oeste e Norte do país, modificaram o ciclo de oferta de animais no Brasil. O pecuarista hoje avança claramente para a profissionalização, não vive mais de especular os preços do boi, mas sim da produtividade - pode até ganhar com a variação de preços, mas não vive disso.

No mercado físico, dia após dia os compradores têm enfrentando maior dificuldade para o preenchimento das escalas de abate. A restrição da oferta, sobretudo por causa da falta de animais, já é notada na maior parte das regiões pesquisadas, evidenciando o início da entressafra. No intuito de alongar as escalas, determinados frigoríficos têm trabalhado aquém de suas capacidades, em alguns casos chegando a apenas 50%. Há ainda aqueles que estão intercalando os dias de abate.

Ressalta-se contudo que, apesar de o clima atípico deste ano ter possibilitado que ainda haja oferta de gado de pasto - período em que os lotes em confinamento e semi-confinamento ainda não estão prontos -, muitos produtores avaliam se realmente compensa segurar esses animais diante dos aumentos que vêm ocorrendo. Como diversos pecuaristas têm considerado pequenas as valorizações, nota-se, em algumas praças, pontualmente, ligeiro aumento da disponibilidade dos animais de pasto.

De modo geral, as escalas para o mercado interno estão ainda mais curtas que aquelas preenchidas com boi rastreado. Por esse motivo, diversas unidades que atendem ao consumo doméstico vêm mostrando maior interesse pelas aquisições de fêmeas. A procura relativamente maior que a oferta, tanto de boi quanto de vaca, também alimenta para muitos operadores expectativa de novas altas nos próximos meses.

Muitos frigoríficos apresentaram interesse maior pela vaca, em detrimento do boi, em diversos momentos deste ano. Esse comportamento, além de criar incerteza relacionada à oferta futura desse animal para o abate - especialmente no final da entressafra/início de safra - suscita algumas dúvidas também sobre a disponibilidade de bezerros em médio prazo.

O aumento generalizado dos preços de boi e vaca nas principais praças de comercialização nas últimas semanas reafirma a dificuldade que os compradores enfrentam em suas negociações. Em meados de julho, a arroba do boi gordo, a prazo, teve aumento de 2,5% no Estado de São Paulo. O Indicador do Boi Gordo Esalq/BM&F, à vista, acumulou alta de 2,6% no período, fechando em R$ 61,61 em 17/08. Nas demais regiões consultadas pelo Cepea, com exceção das praças do Rio Grande do Sul, onde os preços tiveram alguns recuos, o movimento dos preços também foi ascendente nos últimos sete dias.

No final da última semana de julho e início do mês de agosto, as ofertas na região do Noroeste do Paraná estiveram restritas e o valor médio a prazo acumulou alta de 0,72%, com a arroba negociada em 17/08 a R$ 60,29 para descontar o Funrural. No Triângulo Mineiro, o preço aumentou 0,70%, com a média a R$ 60,85 também nessa data. Em Goiânia, o valor máximo a prazo passou de R$ 59,37 no dia 28/07 para R$ 60,39 no dia 29/07, seguindo nesse patamar. Em Cuiabá, o boi foi negociado em média a R$ 54,20, também a prazo e para descontar o Funrural, alta acumulada de 0,60% em relação à ultima semana.

Em Três Lagoas e Campo Grande, as cotações mantiveram-se estáveis no balanço das últimas semanas de julho. A arroba foi comercializada na média de R$ 61,06 em Três Lagoas e de R$ 59,50 em Campo Grande, ambas a prazo e para descontar. Já em Dourados, a arroba acumulou valorização de 1,47%, fechando a R$ 60,80. Em Rio Verde (GO), o valor máximo a prazo do boi gordo foi de R$ 61,41, com alta acumulada de 1,69%.

As altas dos preços da carne no atacado da Grande São Paulo registradas desde o final de julho, por sua vez, confirmam o mercado enxuto, resultante das escalas encurtadas já naquele período. Entre os dias 28 de julho e 03 de agosto, o preço do corte do traseiro teve acréscimo de 3,9% acumulado, encerrando o período cotado, em média, a R$ 4,30/kg. O quilo do corte dianteiro teve aumento de 5,5% no mesmo período, passando para R$ 2,90/kg. A ponta de agulha se manteve no intervalo entre R$ 2,58/kg e R$ 2,60/kg nos últimos sete dias.



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